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Clara e a poluição marítima, por Laura Cardoso

Clara e a poluição marítima

Era uma tarde de primavera. Na sua casinha, no cimo do penhasco, a Clara observava o mar poluído.
– Que pena! Coitados dos animais que morrem e não têm culpa nenhuma! – desabafava a Clara para si mesma. – Já sei! Vou ajudar os animais marinhos. Amanhã vou à praia e vejo o lixo que lá tem.
Assim dito, assim feito. De manhã, vestiu-se e saiu a correr. Queria chegar à praia antes de mais lixo ser despejado no mar.
Quando lá chegou, olhou em volta. Estava um silêncio profundo. Mas, de repente, ouviu-se um barulho!
– Ah!!!…
A menina pôs-se à escuta. Ouviu-se de novo a tal chamada.
– Ah!!!..
Muito curiosa, resolveu ir em direção àquele som. No cimo de uma rocha, avistava-se uma gaivota com um ar cansado e triste. Clara, que era uma grande protetora dos animais, correu a socorrê-la.
-Ah!!! Ajuda-me! Ajuda-me! Vou morrer! – pediu a bela gaivota à menina – Não consigo voar e estou cheia de fome! – continuou.
A Clara sentiu-se obrigada a ajudar aquela pobre criatura, mas primeiro tinha de saber como é que a gaivota feriu a asa.
A gaivota descreveu o seu acidente:
– Estava a pescar perto da costa, quando uma lata de feijão rompeu a minha asa e dela saiu muito sangue. Como tinha de ir para a costa, pois podia afogar-me, saltei com quanta força tinha e acabei nesta rocha. Ajudas-me?
– Claro que te ajudo! Espera aqui que eu já venho.
A Clara foi a casa num abrir e fechar de olhos. Trouxe ligaduras, álcool e mais umas coisas do trabalho do pai, que era veterinário.
Depois do curativo, a ave já se sentia melhor, mas precisava repousar dois dias. Durante esse período de tempo, a gaivota iria ficar em casa da Clara. Logo nasceu uma grande amizade entre elas.
Passado algum tempo, em silêncio, a Clara perguntou:
– Podes explicar-me alguma coisa sobre a poluição marítima?
– Sim!… Quer dizer… não muito bem… – gaguejou a gaivota – Não te sei explicar a poluição marítima, mas conheço alguém que te pode dizer. Vou dar-te uma pista. Eles vivem no mar, mas são animais mamíferos.
– As baleias? – interrompeu a Clara.
– Não, estás lá perto… são muito brincalhões…
– Já sei! Os golfinhos! – concluiu a menina.
– Isso mesmo! Como vivem no mar, são vítimas da poluição. Sabem tudo sobre a poluição.
A gaivota assobiou duas vezes. E como por magia, três golfinhos saltaram e fizeram um repuxo magnífico. Só que tudo isto foi interrompido por uma lata que caiu mesmo em cima da cabeça do Alberto, o golfinho mais novo.
Aproximaram-se da costa e saudaram as duas criaturas.
– Bom dia, senhoritas! Porque nos chamaram?
– Chamei-vos, porque esta menina, chamada Clara, queria saber um pouco mais sobre a poluição marítima. – disse-lhes a gaivota.
– Sobre a poluição é connosco! – gabou-se o Manuel, o irmão golfinho. – Quem é que quer começar?
O Sebastião, o mais velho, chegou-se à frente.
– Como já deves ter visto, a nossa praia, e muitas outras, estão cheias de lixo, crude e outras coisas más…
– Crude? Isso o que é? – interrogou a pequena menina.
– Crude é petróleo. É um produto negro, pegajoso e muito tóxico que serve para fazer combustível. Quando os petroleiros saem dos portos navegam cheiinhos de petróleo. Às vezes, a meio da viagem, os petroleiros naufragam e aquela substância química espalha-se pelo mar fora. E é esse petróleo que mata muitos animais.
-Isso deve ser horrível! Temos de arranjar uma solução para este problema.
-Mas o quê? Vamos pensar todos.- disse a gaivota.
Pensaram, pensaram até que a Clara teve uma ideia.
-Uhh…, tive uma ideia que é capaz de resultar! – sugeriu a Clara – Convocamos todos os animais marinhos e, juntos, cercamos o lixo até à costa. Agora, tenho de ir para casa. Encontramo-nos amanhã, aqui mesmo.
No dia seguinte, bem cedinho, a Clara e a gaivota foram até à praia. Quando lá chegaram todas as espécies de animais marinhos enchiam a praia.
– Vejo que não se esqueceram do recado que os golfinhos vos deram. – começou a Clara por dizer – Ainda bem que vieram! A poluição marítima está a dar cabo dos nossos mares e vocês não podem viver assim. Para resolver este problema vamo-nos juntar, cercar o lixo e levá-lo para a costa. De acordo?
– Sim!!!- gritaram todos os peixes e animais em coro.
-Então, vamos a isto!- mandou a Clara.
Com um mergulho entraram no mar e fizeram uma roda. De mãos dadas, arrancaram pelo mar fora, trouxeram o lixo e puseram-no na praia. Lá ficou um monte de lixo. Entretanto, a Clara e todas as gaivotas iam separando o lixo. Plástico para uma saca, papel para outra e vidro para outra. Todo este processo foi repetido três vezes, até o mar ficar completamente limpo.
– Já acabamos? Estava a ver que não! – suspirou a Clara estafada.
– E se fizéssemos uma exposição de lixo para as pessoas verem o que estão a fazer de mal ao planeta? – propôs Sebastião, o golfinho.
– Boa ideia! Vamos fazer isso mesmo!
Com muito esforço, acabaram a exposição. Também fizeram uma carta a convidar as pessoas a visitarem-na. Todas ficaram pasmadas com a quantidade de lixo que se tinha retirado do mar.
Assim, doravante, as pessoas da freguesia prometeram que seriam mais cuidadosas e amigas do ambiente.

Raminho, 18 de março de 2015
Laura Berbereia Cardoso, aluna do 3.º ano da EB1/JI do Raminho, atualmente a frequentar o 4.º
Texto vencedor do I Concurso Regional «Palavras com História», promovido pela Rede Regional de Bibliotecas Escolares​

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